Recife – Caruaru – Garanhuns: 231 km

trip-7918915-map-full

Recife – Caruaru: 131 km

7918916

Caruaru – Garanhuns: 100 km

Na sexta-feira, 19/02, saí do trabalho às duas da tarde, pedalei até o Habib’s da Av. Abdias de Carvalho e encontrei com Moysés, Bigode e Valdir. Era ali nosso ponto de encontro e de partida para a viagem de fim de semana.

O carro de Moysés ia nos acompanhar. Não é a minha praia, não gosto de viagens com apoio, mas concordei, pois o retorno ia ser naquele carro. Sinceramente, prefiria ir por minha conta e voltar de ônibus, por exemplo.

Partimos. O trajeto é, grosso modo, uma reta só, direto de Recife até Caruaru. A saída de Recife é complicada, excesso de carros e caminhões como em todas as cidades brasileiras. Depois do Curado, fica mais tranquilo, mas não é agradável viajar pela margem das rodovias. O barulho dos veículos é constante, só se pode conversar aos berros e sempre há o risco de um maluco daqueles entrar pelo acostamento. Apesar de tudo, o acostamento da BR-232 é bom de pedalar, asfalto liso e quase sem buracos.

Seguimos praticamente sem paradas até Pombos. Nesse ponto, Valdir já começava a ficar para trás. Bigode seguia no meio ou com Valdir, Moysés e eu na frente, o carro fechava a comitiva. Em Pombos, às cinco e pouco, paramos em um posto de gasolina para colocar as lanternas, começava a escurecer. No carro, havia refrigerantes, água, bananas. No posto, encontramos Aldenor, do grupo Detox, que ia de carro para Caruaru e parou para conversar um pouco.

Fizemos a subida da Serra das Russas, que foi tranquila. Valdir vinha atrás e sentia um começo de câimbra, mas subiu tudo. Eu e Moysés paramos para agrupar na entrada do túnel. Depois, fizemos uma breve parada mais adiante. Seguimos, sempre com Valdir muito atrás.

Passamos Gravatá, chegamos em Bezerros. Procuramos um lugar para jantar, mas não encontramos nada aberto por perto da rodovia. Juntamos o grupo e partimos para Encruzilhada de São João. Moysés, Bigode e eu paramos em um restaurante no lado oposto da pista. Algum tempo depois, chegaram Valdir e o motorista. Jantamos, comida farta.

Partimos para o trecho final até o Caruaru Park Hotel, que fica no lado oposto da BR-232, o que facilitava nosso trajeto, pois não seria preciso entrar na caótica cidade de Caruaru. Chegamos ao hotel às dez e meia da noite e fizemos o check-in. Não é confortável viajar à noite. As lanternas são fortes, mas existe a possibilidade de não dar tempo de desviar de um buraco, ou colidir com um animal. Não é seguro e deve ser evitado, sempre que possível. Apesar de tudo, a temperatura é muito mais amena, até mesmo friazinha, especialmente lá no Agreste de Pernambuco, e a pedalada resulta agradável.

No hotel, banho, ver um pouco de tv e dormir. Roncos fortíssimos de Moysés e Valdir durante toda a noite.

Nesse dia de viagem, percorremos 131 km, com velocidade média quando em movimento de 21 km/h. Partimos às 14:20 de Recife e chegamos às 22:30 ao hotel em Caruaru, aproximadamente 8 horas de viagem, o que dá uma média real de 16 km/h. Saímos do nível do mar e chegamos aos 600 metros de altitude.

No sábado, 20/02, acordei às seis e meia, mas fiquei deitado esperando a turma toda acordar. Tomamos o farto café da manha do Caruaru Park Hotel, Bigode trocou a câmara do seu pneu dianteiro, que havia furado, fizemos os preparativos necessários e partimos para Garanhuns às nove e quinze.

Dia de muito sol e muitas subidas. Fizemos uma primeira parada na saída de São Caetano para a BR-423, vinte quilômetros depois do hotel. Dia muito quente, então fizemos mais paradas que no dia anterior, a cada vinte km mais ou menos. Depois de São Caetano, paramos em Cachoeirinha e fizemos um lanche. Quando saí da lanchonete, vi que o pneu traseiro da minha bicicleta estava furado. Novamente, a causa foi um dos pedacinhos de aço que se soltam dos pneus estourados de caminhões. Troquei a câmara e partimos. Mais vinte quilômetros e outra parada em um posto de gasolina pouco antes de Lajedo. Valdir estava recuperado neste dia e quem estava sofrendo era Bigode, com dor na bunda.

O asfalto do acostamento da BR-423 é terrível para as bicicletas. É rugoso, feito de brita e pouco piche, aquilo agarra o pneu da bicicleta, causa um atrito enorme, a gente sente que a bicicleta não rende. Por outro lado, o asfalto da pista é bem lisinho, muito bom mesmo, mas há muitos caminhões passando e não dava para ir por cima da pista. Portanto, a gente lutava contra o acostamento rugoso, contra o vento, e contra o sol forte.

Nessa parada do posto, Moysés percebeu que seu pneu dianteiro havia furado. Nova troca de câmara. Seguimos e, pouco depois de Lajedo, Bigode desistiu de continuar, pois não aguentava mais de dor na bunda. Ele havia estado doente e não pedalara por alguns dias.

Seguimos, Moysés e eu um pouco mais à frente, Valdir um pouco para trás, mas bem melhor que na sexta-feira. Passamos direto por Lajedo, Jupi e Neves. Muitas e enormes subidas nesse trecho. A gente só parava um pouquinho para agrupar no topo das subidas. Depois de Neves, uma rápida parada para conhecer o terreno onde Moysés vai construir um hotel de campo, e seguimos para os quinze quilômetros finais.

A última subida antes da entrada em Garanhuns parece ser a maior de todas, longa e bastante inclinada. Subi na frente, mais rápido, pedalando em pé no estilo de Alberto Contador, e só parei na frente da Polícia Rodoviária. Logo chegaram Moysés e Valdir e seguimos. Entramos em Garanhuns e chegamos até a casa de Moysés.

Banho, jantar, conversar, jogar dominó e dormir.

Nesse dia, percorremos 100 km, com velocidade média quando em movimento de 18 km/h. Partimos às 9:15 de Caruaru e chegamos às 17:30 na casa de Moysés em Garanhuns, aproximadamente 8:15 horas de viagem, o que dá uma média real de 13 km/h. Saímos de 600 metros de altitude e chegamos aos 900 metros em Garanhuns. Como se pode ver, foi uma dia mais difícil, pois gastamos o mesmo tempo para fazer uma distância menor. Além do acostamento rugoso, havia o vento contrário, o sol forte e o desgaste do dia anterior.

No domingo, 21/02, voltamos para Recife no carro de Moysés.

Apesar de ter sido uma boa viagem, com belas paisagens de morros e montes, muito verde no trecho entre São Caetano e Garanhuns, esse não é o meu tipo preferido de viagem. Não gosto de viajar por rodovias de grande tráfego nem de ser acompanhado por carro de apoio. A presença do carro de apoio nos torna mais egoístas e menos solidários com quem está para trás. Sem carro de apoio, procuro retardar o passo e não deixar um companheiro fora de vista. Com o carro lá atrás, seguimos despreocupados na frente. Entretanto, sei que para quem está mais lento, ver os colegas se distanciarem e sumirem aumenta o cansaço e o desgaste. Já passei por isso, sei como é a sensação.

Uma viagem de longas quilometragens dá muito tempo para meditar no guidão da bicicleta, refletir sobre os caminhos que me levaram até ali, planejar outras viagens, contemplar a paisagem infinita, espantar-se sobre a vastidão do mundo, sobre tantos montes intocados e tantas casinhas isoladas. As subidas, que são incontáveis nesse trajeto, são momentos especiais de paciência, um pouco de dor, momentos de saber administrar as forças, o ritmo, a calma e a marcha certa para chegar ao topo.

É necessário, também, notar que, em longas viagens de cicloturismo, nunca faço quilometragens tão grandes como essas, 131 km, 100 km. O cicloturismo importa em quilometragens menores, assim se vê mais de cada lugar, se chega menos fatigado ao final do dia, se pode aproveitar mais e sofrer menos. Caso esse passeio fosse uma verdadeira viagem de cicloturismo e nós não conhecêssemos já e bastante essas cidades, o trajeto deveria ser feito em três ou quatro dias, utilizando-se de estradas menos movimentadas e passando por Bonito, Panelas, Quipapá, por exemplo.

3 - IMG_1506 (Small)4 - IMG_1507 (Small)11 - IMG_1516 (Small)12 - IMG_1517 (Small)14 - IMG_1519 (Small)16 - IMG_1521 (Small)17 - IMG_1524 (Small)

One thought on “Recife – Caruaru – Garanhuns: 231 km

  1. a nível de ciclo turismo, por que você não pega umas estradas menores, talvez para cidades menores também? eu sei que você já fez bastante essa viagem pela 232. Uma estrada menos central não proporcionaria coisas novas para se ver? pode-se, por exemplo, ir para garanhuns passsando por palmares, ou ir para campina grande, ou ate ir para caruaru mesmo mas se utilizando de um caminho maior, passando por outras cidades pequenas, fazendo em dois dias, por exemplo, indo a limoeiro no primeiro dia, passando por carpina ou goitá, e no segundo dia ir para caruaru pela pe095.

    Like

Leave a comment